Crash Bandicoot. Outrora uma "mascote" não oficial da Playstation, ao qual teve bastante sucesso no anos 90. Ao virar do milénio, a série foi-se multiplicando para as outras plataformas, tentando replicar o sucesso que teve nas consolas da Sony. Porém, foi um tiro no pé para a Universal (que detinha os direitos de IP), pois a série apesar de vender milhões de cópias, o impacto não foi o mesmo. Tentaram fazer um reboot em 2008, em que a jogabilidade estava mais actualizada e o jogo em si era interessante, mas não era um jogo de Crash Bandicoot. Atrevo-me a dizer que o principal problema de Crash Mind over Mutant e Crash of the Titans foi ter a personagem Crash como protagonista, porque até eram jogos de plataformas bastante decentes.
Parecia que a série Crash Bandicoot havia morrido, mas felizmente a Activision decidiu há alguns anos devolver o brilho que nunca deveria ter-se perdido devido à ganância. Em 2017 foi a vez da trilogia Crash Bandicoot N. Sane que nos trouxe a trilogia original desenvolvida pela Naughty Dog, com graficos actualizados, e no verão de 2019, há pouco mais de um ano, foi a vez do Crash Team Racing, o jogo de kart que marcou uma geração e voltou pela grande porta. Agora a Activision ousou com algo muito mais ambicioso: uma nova sequela numerada da saga do marsupial laranja. Já o jogamos e agora apresentamos nossa análise de Crash Bandicoot 4 - Já era a hora que vires para a Xbox (perceberam a piada?).
A série Crash Bandicoot sempre se caracterizou por oferecer níveis de uma grande variedade, permitindo que a aventura principal nunca se torne repetitiva. Os meninos de Toys for Bob (responsáveis por esta sequela e também a bem-sucedida e aclamada Spyro Reignited Trilogy) optaram por uma diversidade incomum de níveis, obstáculos, inimigos, batalhas com bosses, veículos e elementos que variam a maneira como nos movemos nos mapas . Obviamente não falaremos muito para não estragar todas as surpresas que nos aguardam em Crash Bandicoot 4: It's About Time, mas iremos descrever algumas delas para se ter uma ideia.
Para nos colocar em contexto, Crash Bandicoot 4 convida-nos a assumir o controlo de Crash ou de sua irmã Coco (podemos alternar entre os dois personagens sem alterar a experiência de jogo) em uma aventura marcada pelos planos malévolos do Doutor Neo Cortex e N. Tropy. Estes consistem em alterar o espaço-tempo criando oriifícios temporários, a fim de, mais uma vez, obter o controlo total do universo (clássico...). A missão de Crash e Coco será obter quatro máscaras quânticas que nos permitirão estabilizar o cosmos novamente e, aliás, darão poderes espetaculares.
O primeiro que encontrarmos, por exemplo, terá a capacidade de interagir com o ambiente para que algumas plataformas ou objetos apareçam e outros desapareçam. Se isso funciona a nosso favor ou não, dependerá de nossa habilidade. Não iremos revelar os poderes das restantes máscaras para que os descubra por ti mesmo, mas garantimos que a diversão está garantida com elas. Existem também as fases dos níveis em que temos que fugir de um objeto gigante que nos persegue a toda velocidade, aqueles em que entramos em jet skis ou outros veículos para evitar obstáculos ou os incríveis níveis N. Verted, que Eles foram desenvolvidos pela Beenox (Crash Team Racing Nitro-Fueled) e não são apenas hiláriantes (e às vezes frustrantes), mas também colocam nossa engenhosidade à prova.
Outro ponto que traz grande variedade ao jogo é a possibilidade de controlar outras personagens ao longo da aventura e de outros modos de jogo. Tomaremos o exemplo de Tawna, personagem clássica da saga que volta para se mostrar em todo o seu esplendor. Os níveis em que jogamos com ela são excelentes porque suas habilidades são completamente diferentes das de Crash e Coco. Tawna pode fazer uso de uma garra para se mover para pontos distantes, eliminar inimigos à distância e também tem a capacidade de pular entre paredes que estão em paralelo.
Dificuldade nostálgica
Crash Bandicoot 4: It's About Time é difícil? Essa é provavelmente a pergunta que muitos fãs do clássico Crash farão. Embora seja verdade que o nível de dificuldade só foi verdadeiramente desafiador em alguns níveis da primeira parcela da franquia, a trilogia original sempre teve esse ponto de desafio. A Toys for Bob voltou a apostar nisso. Para começar, existem dois modos de dificuldade: um deles é a dificuldade Clássica, na qual teremos vidas limitadas e se perdermos todas teremos que começar o nível do zero; o outro é moderno e neste não temos vidas limitadas e cada vez que morrermos iremos para o ponto de controle mais próximo. Neste caso, teremos um contador de mortes para que possamos desfrutar de um aumento.
Além disso, os níveis em Crash Bandicoot 4 são consideravelmente mais longos do que o que vimos nas anteriormente, então é mais provável que morras muitas vezes. Não sou exatamente um especialista no gênero de plataforma, mas é verdade que já morri muitas vezes em It's About Time. E ainda assim é incrivelmente divertido. O espírito clássico do trabalho da Toys for Bob também se manifesta na quantidade de coisas que temos que fazer e que vão encantar os fãs mais dedicados, que procuram sempre completar tudo a 100%.
Para começar, em cada nível podemos obter seis cristais. Obteremos os primeiros quatro partindo 40, 60, 80 e 100% das caixas no nível. O quinto será nos concedido se tivermos completado a tela morrendo três vezes, no máximo. O sexto corresponde a uma joia escondida no nível que devemos encontrar. Se conseguirmos todos, desbloquearemos uma skin para Crash ou Coco, que não afeta a experiência do jogo, mas oferece um grande incentivo para o tipo de jogador que mencionamos. Além disso, também temos fitas de pular ao passado (que obteremos se as encontrarmos nos níveis e se tivermos chegado a esse ponto sem morrer uma vez), que desbloqueiam níveis de desafio em que Cortex coloca Crash e Coco à prova no passado de ambos as personagens.
Loucura a duplicar?
A Toys for Bob está ciente de que os jogos clássicos de plataforma sempre tiveram o componente de jogá-los juntos e quis manter esse recurso intacto em Crash Bandicoot 4: It's About Time. Durante a aventura principal, temos a possibilidade de ativar a opção Passe o comando. Em particular, consiste em passar o comando entre dois jogadores para cada ponto de controlo ou após cada morte. Assim que o nível for concluído, o jogo nos mostrará os resultados e nos dirá quem obteve a melhor pontuação. No entanto, a outra grande modalidade cooperativa do título é encontrada fora da história principal.
Este é o modo Battles, que está pensado para dois a quatro jogadores e vai proporcionar momentos de grande diversão. Podemos escolher entre Time Attack (modo também disponível na aventura para um jogador) e Break boxes. O objetivo é passar o comando entre os diferentes participantes quando for a sua vez de cada um e avançar entre os pontos de controlo do mapa para ver, mais uma vez, quem consegue a maior pontuação ou quem consegue o melhor tempo.
Estamos em 2020 e Crash Bandicoot teve que se adaptar aos tempos. Ele já fez isso na Trilogia N. Sane e Nitro-Fueled e fez de novo agora. Nesse sentido, visualmente Crash Bandicoot 4: It's About Time está muito em linha com o que foi visto nas duas obras anteriores de Vicarious Visions e Beenox, respectivamente. As personagens, os cenários, os efeitos, as cores. Tudo está top.
Crash Bandicoot 4 é um regresso à gloria da personagem. Confesso que fazer um remaster é fácil porque basta copiar a fórmula e fazer um makeover estético. Mas a Toys For Bob garantiu que o 4 no título era digno de se ter. A Naughty Dog estaria orgulhosa.
9/10.